Dois golos no curto espaço de dois minutos, a meio da primeira parte, estragaram a festa ao New England Revolution, que não foi além da igualdade, 2-2, no sábado à noite, frente ao D.C. United, em jogo disputado no Gillette Stadium perante 16.591 espectadores.
Apesar de ser o terceiro jogo no curto espaço de oito dias, o técnico Jay Heaps apostou num dispositivo atacante, com o médio Kelyn Rowe a recuar uma vez mais para lateral esquerdo, talvez para dar mais profundidade ao ataque.
No habitual sistema 4-4-2 em losango, deste feita Lee Nguyen surgiu ao lado de Kei Kamara na frente de ataque, com Juan Agudelo no apoio. Diego Fagundez e Xavier Kouassi jogaram nas alas e Scott Caldwell foi o elemento mais recuado.
E o certo é que a equipa começou bem e adiantou-se no marcador logo aos cinco minutos de jogo. Juan Agudelo arrancou pelo meio, adiantou para Scott Caldwell e este entregou a Kei Kamara, colocado na direita. O cruzamento largo encontrou LeeNguyen solto, junto ao segundo poste, com o cabeceamento a bater o guardião Bill Hamid.
“Foi uma [jogada] em que conseguimos recuperar a bola, o Scottie [Caldwell] conseguiu encontrar o Kei [Kamara] e o Kei fez um grande cruzamento e eu estava no outro lado,” disse Nguyen ao intervalo na entrevista rápida à CSN.
O golo animou ainda mais a equipa, que passou a mandar no terreno. Mas, os visitantes estiveram muito perto do empate aos 14 minutos quando, durante uma fase de insistência, a defesa dos Revs não conseguiu completar o alívio, sobrando a bola para Ian Harkes, que atirou fortíssimo, levando o esférico a embater estrondosamente no poste, com Coddy Cropper já batido.
O Revolution respondeu de imediato. Kei Kamara elevou-se bem e desviou primorosamente um pontapé de canto cobrado por Lee Nguyen, mas Bil Hamid evitou o golo pois com a ponta dos dedos desviou o cabeceamento pela linha final.
Aos 24 minutos, Diego Fagundez desceu pelo centro e como a defesa não o pressionou, optou, e bem, pelo remate, que Hamid desviou para o lado. Kamara estava bem colocado para fazer a recarga, mas esta saiu demasiado torta.
Falta de concentração custou caro
A partir daqui o Revolution começou a perder fulgor e foi penalizado por isso porque o golo do empate surgiu aos 26 minutos. Uma vez mais a defesa do Revolution não conseguiu completar o alívio, Kamara desviou o cruzamento de Marcelo Sarvas para o coração da área, onde surgiu Jared Jeffrey a rematar de primeira, forte e colocado, fora do alcance de Cropper.
E os visitantes colocaram-se em vantagem dois minutos depois. Numa jogada de contra-ataque, Lloyd Sam, na direita, lançou em profundidade na direcção de Sebastian Le Toux, que conseguiu bater Antonio Delamea em corrida e, quando Cody Cropper saiu da baliza, desviou de forma subtil, levando a bola a entrar junto ao poste contrário.
“À entrada no jogo sabíamos que as duas coisas que nos podiam criar problemas eram o contra-ataque e as bolas paradas,” lamentou Jay Heaps na conferência de imprensa pós-jogo. “Infelizmente podemos tentar preparar-nos e podemos trabalhar nisso, mas quando o jogo está a ser decidido é preciso estar preparado para o fazer. Infelizmente hoje não fomos suficientemente bons a defender as bolas paradas, também tivemos algumas oportunidades, mas todos temos que ser melhores nisso.”
E o panorama poderia ainda ter ficado muito mais sombrio para o Revolution. Aos 37 minutos, outro alívio incompleto levou a bola até Sean Franklin, que atirou de longe, obrigando Cropper a excelente defesa, para canto. Na sequência do canto, Kofi Opare surgiu solto na área a cabecear, mas Cropper evitou o que parecia um golo certo ao esticar-se para a sua direita, desviando o remate.
E aos 40 minutos, na sequência de um livre, Kei Kamara tentou o corte de cabeça e quase fez o auto golo, pois a bola embateu na trave e saiu.
Portanto, o intervalo surgiu em boa altura porque o Revolution, depois de um começo muito prometedor, para mais com um golo madrugador, começou a perder o seu esclarecimento, sofreu dois golos e só não sofreu mais porque Cropper fez duas excelentes defesas.
A lição dada ao intervalo
Ao intervalo, na entrevista à CSN, Lee Nguyen sugeriu que o problema tinha começado com um golo mal consentido.
“Depois permitimos um contra-ataque, que era algo que queríamos evitar, falámos disso antes do jogo, temos que melhorar nesse aspeto,” disse Nguyen. “Temos que regressar com a mesma intensidade que mostrámos nos primeiros 20 [minutos], tentar fazer um golo e a partir daí impor o ritmo de jogo.”
“Acreditem que tivemos uma boa conversa durante o intervalo”, acrescentou Jay Heaps. “Na segunda parte tivemos muita energia, um grande esforço, sabíamos que íamos conseguir marcar um golo e depois seria [procurar mais um].”
E o certo é que o Revolution precisou apenas de três minutos para chegar ao empate.
Uma excelente troca de passes entre Nguyen e Fagundez permitiu que este fosse até à linha final cruzar, mas Maxim Tissot desviou para canto. Kelyn Rowe cobrou o canto, Delamea cabeceou e Sean Franklin, que estava no chão, embrulhado com Juan Agudelo, aparentemente acabou por desviar a bola para dentro da própria baliza.
Escrevemos ‘aparentemente’ porque na cabine, no diálogo com os jornalistas, Agudelo declarou que tinha sido ele o autor do golo.
“Dei-lhe um pequeno toque [na bola], mas o trabalho foi todo dele [Antonio Delamea], por isso fui ter com ele e disse-lhe ‘o golo foi teu, apenas tive que lhe tocar,” disse Agudelo.
Até final, as duas equipas tornaram a estar perto do golo.
Aos 59 minutos, Diego Fagundez, numa descida rápida pelo flanco esquerdo, dançou perante dois adversários, ganhou ângulo e depois rematou forte, mas Hamid lançou-se ao solo e desviou com a ponta dos dedos.
A trave tornou a salvar o Revolution dois minutos depois.
Aos 67 minutos, Chris Tierney substituiu Scott Caldwell, mas foi jogar a lateral esquerdo, avançando Kelyn Rowe para a linha média, substituição que visava aumentar a pressão ofensiva do Revolution.
E a substituição esteve muito perto de dar fruto, quando Tierney fez um cruzamento largo, surgindo Kei Kamara a antecipar-se ao central visitante e a bater Hamid, mas o cabeceamento embateu no poste, sobrando para Bunbury, que falhou aparatosamente a recarga quando estava em posição para fazer melhor.
Jogadores do Revolution ficaram desiludidos
No curto espaço de quatro dias, o Revolution registou dois empates em jogos disputados no Gillette Stadium, registo que ficou aquém do que todos esperavam e desejavam.
“Estamos desiludidos porque entrámos nesta semana convencidos de que poderíamos ter conseguido os seis pontos,” disse o guardião Cody Cropper. “Só conseguimos dois, sempre é melhor do que nada, mas agora temos que nos concentrar no nosso jogo do próximo fim-de-semana e recuperar.”
“Estou muito desiludido, penso que fomos a melhor equipa, criámos oportunidades, mas infelizmente não conseguimos conquistar pontos que são muito importantes, este e o jogo contra San Jose são jogos em estávamos esperançados em conquistar pontos,” acrescentou Juan Agudelo.
Em relação a esta partida frente ao D.C. United, Agudelo considerou que o empate surgiu porque a equipa tirou “um pouco o pé do acelerador quando fizemos o golo, mas tínhamos era que continuar e pressionar para acabar com o jogo. Eu sabia que era importante não permitir que uma equipa como o D.C. [United] ficar perto e por isso disse à rapaziada que precisávamos de mais um golo, porque não podemos permitir que uma equipa continue dentro do jogo com o resultado em 1-0.”
“Esperávamos mais, esperávamos ganhar frente aos nossos adeptos, mas não tivemos energia suficiente para conseguir o resultado certo e ao fim do dia, quando olhamos para o jogo, temos que estar satisfeitos com o empate”, concluiu o central Antonio Delamea.
O Revolution torna a jogar no próximo sábado, em Seattle, frente aos Sounders, mais uma deslocação difícil.
“Agora o nosso pensamento está já em Seattle, que vai ser um jogo ainda mais difícil do que este, por isso temos que estar concentrados,” avisou Delamea.