Uma vez mais as lesões obrigaram o técnico Jay Heaps a mexer na defesa, pois o capitão José Gonçalves continuou ausente devido à lesão sofrida na ponta final da partida frente ao Los Angeles Galaxy, a 8 de maio, e desta feita as alterações custaram caro pois o New England Revolution sofreu a sua primeira derrota em casa na temporada em curso, perdendo, 4-2, frente ao Dallas FC, em jogo disputado sábado à noite no Gillette Stadium, em Foxboro, perante 23.472 espectadores.
Samba, o central que veio para Foxboro a título de empréstimo do Sporting Clube de Portugal no âmbito da parceria entre os dois clubes, fez a sua estreia a titular na MLS neste encontro, e Chris Tierney regressou à equipa depois de quatro jogos de ausência devido a lesão.
A falta de sincronização no sector mais recuado deu prejuízo logo no terceiro minuto. Um passe longo isolou Michael Barrios, que bateu Andrew Farrell em corrida e entrou na área, mas o guardião Bobby Shuttleworth saiu decididamente e embateu no adversário, derrubando-o. O árbitro Silviu Petrescu de imediato apontou para a marca de grande penalidade e mostrou o cartão amarelo a Shuttleworth, que correu em direcção ao auxiliar a protestar a sua inocência. Mas, a decisão manteve-se e, depois de prestada assistência ao avançado visitante, Tesho Akindele transformou o castigo máximo no primeiro golo da partida.
Barrios acabaria por sair pouco depois.
Revolution reage
A turma da casa gradualmente foi recuperando do choque do golo madrugador dos visitantes e esteve muito perto do empate, aos 15 minutos. Uma tentativa de alívio de Zach Loyd foi interceptada por Lee Nguyen, que deu dois passos e depois atirou forte, levando a bola a embater com estrondo na trave, e a sair.
Aos 21 minutos, Chris Tierney recebeu na esquerda e cruzou largo, surgindo Kei Kamara a elevar-se bem, mas o cabeceamento saiu fraco e sem dificuldades para o guardião Chris Seitz.
O volte-face
O empate aconteceu aos 23 minutos. Lee Nguyen cobrou um livre, na direita, a cerca de 30 metros, e cruzou tenso para a área, surgindo Juan Agudelo a voar e a cabecear fora do alcance de Seitz.
Dois minutos, Petrescu assinalou grande penalidade favorável à equipa da casa quando Lee Nguyen ganhou um ressalto e flectiu para o centro, à procura de ângulo para o remate, sendo derrubado por Victor Ulloa. Nguyen converteu o castigo com um tiro colocado, sem hipóteses para Seitz.
Na sequência da jogada, Gershie Koffie foi atingido, acabando por ser obrigado a sair, cedendo o lugar a Diego Fagundez. Estavam decorridos 28 minutos.
Lesão de Gershon Koffie foi factor negativo
A inesperada saída acabou por afectar o Revolution, pois Koffie é único médio a que se poderá chamar ‘box-to-box’.
“Foi um momento importante no jogo para nós,” indicou o lateral Chris Tierney, pois “o Koffie faz bastante em termos defensivos, tapa os espaços vazios, por isso jogamos com a defesa adiantada, o Koffie resolve muitas coisas, foi um lance infeliz para nós.”
“Foi um momento difícil,” acrescentou Jay Heaps, “ele torna o jogo para nós um pouco mais físico, e por isso sentimos a sua falta.”
Assim, a vantagem dos Revs durou apenas sete minutos. Kellyn Acosta cobrou um pontapé de canto na esquerda do ataque visitante, surgindo Atiba Harris a antecipar-se a Scott Caldwell e a cabecear junto ao primeiro poste. Bobby Shuttleworth lançou-se ao solo e ainda tocou na bola com a mão, mas não conseguiu impedir o golo.
O Revolution tornou a cheirar o golo no terceiro minuto de compensação quando Lee Nguyen flectiu para o centro e depois cruzou, colocando a bola na cabeça de Kamara, mas este falhou o alvo. Excelente oportunidade.
Dallas controlou a segunda parte
O primeiro lance de grande perigo no segundo tempo surgiu aos 56 minutos. Maynor Figueroa cruzou para o segundo poste, surgindo Atiba Harris a cabecear, mas Shuttleworth estava atento e desviou pela linha final.
Dallas estava por cima do jogo, com o Revolution a denotar a ausência das jogadas de combinação que tão bons resultados deram no primeiro tempo, principalmente porque a turma visitante conseguiu impedir que a bola chegasse a Ngueyn, sem dúvida o jogador mais criativo dos Revs.
“Nós sabíamos que eles iam procurar o Kei (Kamara), especialmente nas bolas altas, mas penso que o Zach (Loyd) e o (Walker) Zimmerman neutralizaram-no imenso,” explicou o treinador Oscar Pareja ao analisar as alterações tácticas efectuadas ao intervalo. “Queríamos cortar as ligações com o Lee (Nguyen) pois na primeira parte eles tiveram melhor ligação do que nós pretendíamos. O minimizar dessa ligação prejudicou-os imenso pois foram obrigados a procurar os passes longos.”
Mesmo assim, aos 61 minutos, a turma da casa tornou a estar perto do golo. Chris Tierney cobrou um canto, surgindo Juan Agudelo na pequena área, a cabecear conforme mandam as regras, de cima para baixo, mas a bola tabelou no solo e subiu demasiado, passando por cima da barra.
Este lance fez despertar os Revs, que passaram a surgir com mais frequência na área adversária. Aos 65 minutos, na sequência de uma boa jogada, Nguyen cruzou tenso na direcção de Kamara, mas Maynor Figueroa fez o corte in extremis quando o internacional da Serra Leoa se preparava para finalizar à boca da baliza.
Aos 68 minutos, Daigo Kobayashi, que entrara um minuto antes para o lugar de Chris Tierney, esteve quase a desfazer a igualdade. Numa boa jogada de ataque, Kelyn Rowe lançou de cabeça para Diego Fagundez, que alongou para Kobayashi rematar na passada, mas a bola saiu a rasar a trave.
Como quem não marca, sofre, os visitantes adiantaram-se no marcador aos 70 minutos. Um passe longo passou por cima de Samba, que não conseguiu fazer o corte, permitindo assim que Fabian Castillo surgisse isolado frente a Shuttelworth para fazer o golo e virar a partida a favor dos visitantes.
“Pareceu-me que fizemos um bom jogo até ao terceiro golo,” lamentou Hay Heaps nas declarações aos jornalistas após o final da partida, “cometemos um erro e eles puniram-nos, quando se comete em erro à entrada da área, os bons jogadores fazem você pagar por isso e ele (Castillo) sem dúvida que é um bom jogador e castigou-nos.”
Heaps tentou dar a volta ao resultado, fazendo entrar, aos 75 minutos, o jovem Femi Hollinger-Janzen, que tem estado em grande destaque nos últimos jogos, para o lugar de Juan Agudelo, que saiu tocado.
Samba ainda assustou os visitantes, num período em que o Revolution procurava desesperadamente o golo do empate, mas o cabeceamento, na sequência de livre cobrado por Lee Nguyen, saiu à figura de Seitz.
Dallas sentenciou o jogo no último minuto quando Acosta lançou Tesho Akindele que se meteu entre os centrais da casa e não perduou.
Chris Tierney – “Nada positivo a destacar”
Após o final da partida, o lateral Chris Tierney não quis utilizar as lesões como desculpa para a derrota, especialmente depois da sua equipa sofrer quatro golos, tantos como consentira nos primeiros cinco jogos em Foxboro
“É sempre difícil quando há jogadores a entrar e a sair, mas isso não serve de desculpa,” disse Tierney. “Temos confiança no nosso grupo, sentimos que quem quer que entre tem valor para jogar, mas nenhum de nós fez isso (jogou bem), quando se sofre quatro golos não há nada de positivo a destacar.”
“Temos que jogar melhor, não podemos sofrer quatro golos e pensar que vamos ganhar o jogo, ninguém esteve à altura,” acrescentou Andrew Farrell.
Jay Heaps – “Tivemos mais oportunidades para fazer o 2-1 e o 3-1, e aí eles têm um pontapé de canto e mais um golo e isso foi algo decepcionante”
“Temos de dar crédito a Dallas por ter feito uma exibição muito sólida, foi um jogo muito estratégico e quero-lhes dar os parabéns porque eles foram muito bons esta noite,” disse Jay Heaps na análise final.
“Infelizmente o jogo começou de uma forma muito louca, o jogo ainda estava a começar e aos três minutos há um penalti. Tenho de ver o filme porque não tenho bem a certeza da decisão de sair para tentar chegar aquela bola. Logo à entrada estivemos em desvantagem e foi preciso irmos à procura do jogo, e acho que fizemos um excelente trabalho em recuperar. Assumimos o resto do jogo e penso que tivemos mais oportunidades para fazer o 2-1 e o 3-1, e aí eles têm um pontapé de canto e mais um golo e isso foi algo decepcionante. A táctica deles na segunda parte foi muito boa, eles esperaram, chamaram-nos e encontraram espaços para atacar, atacaram os nossos centrais e encontraram espaços para atacar os nossos centrais.”
Agora há que analisar o que se passou e realizar as alterações necessárias porque no sábado há novo jogo em Foxboro, frente a mais uma equipa difícil, os Seattle Sounders.