Com três pontos de atraso na luta pelo sexto lugar, último que dá acesso aos play-offs, o New England Revolution entra em campo no domingo, no Gillette Stadium, frente ao Montreal Impact, com uma missão extremamente complicada, para alguns quase impossível. É que para além de vencer a turma canadiana e esperar que Philadelphia, o sexto classificado, perca frente ao New York Red Bulls, o Revolution terá ainda de anular 12 golos de desvantagem.
“Para ser sincero, depois do último jogo [derrota 1-2 em Chicago], e de pensar na diferença em golos à entrada no jogo, havia muito em que pensar. Comecei obviamente a pensar que seria impossível fazer isso no futebol,” disse o avançado Kei Kamara quando lhe perguntaram se acreditava na possibilidade de ultrapassar a desvantagem em relação a Philadelphia. “Mas, depois deste treino [quarta-feira], e é para isso que há treinadores, e da maneira como ele classificou este jogo para nós, pensei, será? A [nossa] mentalidade mudou sem dúvida e é possível, porque não está só nas nossas mãos, obviamente nós temos que tratar da nossa situação, mas as coisas também podem correr à nossa feição.”
A vitória sobre Montreal só por si não assegura a passagem aos play-offs, mas caso Philadelphia seja derrotado em casa pelos Red Bulls, as duas equipas passarão a ter os mesmos pontos, 42. O primeiro desempate será o número de vitórias e aí fica tudo na mesmo pois os dois clubes passarão a ter 11 triunfos casa. Segue-se a diferença entre golos marcados e golos sofridos, tabela que favorece nitidamente Philadelphia, que tem 52 golos marcados e 53 sofridos, um saldo negativo de 1 golo. Por sua vez o Revolution marcou 41, mas sofreu 54, resultando num saldo negativo de 13 golos.
Esperada uma grande casa
Perante um cenário destes como é que o técnico Jay Heaps vai preparar a equipa? Basicamente mentalizando os seus jogadores de que é preciso fazer uma boa exibição pois são esperados mais de 40 mil adeptos para este último jogo da temporada no Gillette Stadium,
“Temos que estar focados no nosso grupo, e estar preparados para o jogo,” começou por dizer Jay Heaps. “E nós sabemos o que é que é preciso fazer para chegarmos aos play-offs, já quase não há margem para erro.”
Mas mesmo que a equipa não consiga o apuramento para os play-offs há “muitas coisas em jogo. Temos estado numa boa fase, temos que acabar a época em força. Vamos ter uma boa casa, um momento importante em casa. Isso é algo que nós temos em dívida para com os nossos adeptos, pois eles têm estado connosco, nos altos e baixos desta temporada, alguns momentos frustrantes. Vamos ter muitos adeptos e por isso temos que lhes prestar o nosso tributo.”
“Sabemos que temos que recuperar 12 golos, por isso temos de levar o ataque [para o jogo],” acrescentou Lee Nguyen. “Mas o mais importante é que sabemos que vamos ter muito apoio neste fim-de-semana, por isso basicamente é conseguir os 3 pontos e jogar bem perante os nossos adeptos.”
“Vamos preparar como preparamos todos os jogos,” concluiu o avançado Juan Agudelo. “É um jogo importante para nós, é um jogo importante para os adeptos, vamos tentar conseguir os 3 pontos.”
Portanto primeiro é preciso pensar em vencer e só depois é que a questão dos golos entra nas contas. Por isso é possível que Jay Heaps faça algumas alterações, corra alguns riscos.
“Para mim, vamos enfrentar este jogo com tanta importância quanto possível. Haverá, aqui ou ali, uma alteração ou duas,” indicou Heaps. “Possivelmente com o desenrolar do jogo talvez haja vários jogadores a serem fator no jogo, mas ao mesmo tempo temos estado a atravessar uma boa fase e queremos ter a certeza que levamos essa mentalidade para este jogo. Estar a fazer muitas alterações pode ser um pouco negativo.”
Por sua vez, Nguyen reconhece que se trata “duma tarefa difícil, por isso obviamente a nossa esperança é conseguirmos o cenário perfeito, New York ganha 6-0 e nós ganhamos 6-0. Isso seria o ideal. Mas, o mais importante é conseguirmos ganhar, fazer uma boa exibição para os nossos adeptos, e ainda mais importante é acabar em força.”
Já Kei Kamara, que costuma ter alguma sorte e fazer bastantes golos frente a Montreal, reconhece que a equipa terá que fazer uma exibição quase perfeita, mas está animado porque “vamos estar em casa, o último jogo da temporada, aqui, frente aos nossos adeptos. É isso que tu queres. Para nós, não podemos cometer erros, e não posso ignorar que tenho tido sorte frente a Montreal, por isso mal posso esperar.”
“Não temos nada a perder,” concluiu Juan Aguelo. “Vamos jogar sem pressão. Pessoalmente é assim que eu gosto de jogar. Mas, mesmo assim, com a mentalidade de que pode ser possível, e seria incrível poder participar numa situação destas. Seria muito especial.”
Equipa está animada, confiante
Não obstante o cenário algo cinzento que se depara à equipa, o grupo de trabalho tem-se esforçado imenso durante os treinos e mostra-se animado. Uma das ‘disputas’ internas para este jogo será determinar quem vai ser o melhor marcador do Revolution na época em curso. Nguyen, Agudelo e Kamara têm seis golos cada, mais um do que Diego Fagundez e Kelyn Rowe.
“Nem sequer tinha pensado nisso a sério, mas estive a dizer que se formos para este jogo e cada um marcar 4 ou 5 golos, seria ótimo,” disse Kei Kamara. “Vai ser difícil, mas em termos gerais tem sido um ano difícil. Temos que acabar bem. Aconteça o que acontecer, temos que entrar em campo e estar focados no nosso comportamento durante o jogo, com atitude profissional.”
Agradecer apoio dos adeptos com uma boa exibição
Os jogadores do Revolution reconhecem que o apoio dos seus adeptos tem sido excecional durante toda a temporada, mesmo nas fases em que a equipa atravessou períodos de menor acerto, pois as assistências atingiram a média de 19 mil espectadores por jogo. Para domingo, apesar das possibilidades do Revolution conseguir o apuramento para os play-offs serem algo remotas, são esperados cerca de 40 mil adeptos.
Curiosamente no ano passado o cenário foi semelhante. O adversário foi o mesmo, Montreal, e nesse jogo estiveram 42.947 espectadores no Gillette Stadium, a melhor assistência de sempre em jogos da época regular.
Por isso, os jogadores querem agradecer o apoio do seu público com uma grande exibição.
“Adoramos os nossos adeptos, eles têm-nos apoiado o ano inteiro, e nós queremos corresponder, fazendo uma boa exibição que os deixe orgulhosos neste fim de temporada,” disse Lee Nguyen.
“Nós compreendemos que ainda não acabou e sabemos quantos bilhetes foram vendidos para o jogo deste fim-de-semana, por isso temos treinado bastante para podermos fazer uma boa exibição para os nossos adeptos,” concluiu Juan Agudelo.
O jogo frente a Montreal, no domingo, terá início pelas 16 horas, no Gillette Stadium.