Dois golos de Kei Kamara e um terceiro de Juan Agudelo, regressado esta semana depois de cerca de um mês com a seleção dos Estados Unidos, levaram o New England Revolution à vitória, 3-0, sobre o Phildelphia Union em jogo disputado sábado à noite no Gillette Stadium, perante 18.584 espectadores.
Com o triunfo, o Revolution subiu ao oitavo lugar e ficou a seis pontos do sexto, último que dá acesso aos play-offs. Mas, o sexto, o Columbus Crew, tem mais dois jogos disputados pelo que o Revolution viu a sua situação nitidamente melhorada com esta vitória.
O onze inicial deixou bem claro que o Revolution, reconhecendo que só o triunfo interessava, ia apostar fortemente para tentar vencer este jogo. Assim, Kelyn Rowe, que tem estado em destaque na linha média, incluindo várias exibições de qualidade com a seleção dos Estados Unidos, entrou para defesa esquerdo, remetendo Chris Tierney para o banco.
Havia também algumas dúvidas sobre a possibilidade de Teal Bunbury, com três golos nos dois últimos jogos, ter feito o suficiente para finalmente ser premiado com a titularidade. O técnico Jay Heaps considerou que sim, daí ter optado por colocar no banco Juan Agudelo, que chegou a Foxboro na quinta-feira depois de cumprida a sua missão com a seleção dos Estados Unidos na Copa de Ouro.
E logo aos quatro minutos Teal Bunbury esteve muito perto de justificar a confiança do seu treinador. Um passe de 40 metros de Kelyn Rowe levou a bola a passar por cima dos centrais visitantes e a cair à frente de Bunbury, já dentro da área. Mas, quando o avançado do Revolution se preparava para fazer o remate, um dos defensores do Union esticou o pé e conseguiu alterar a trajetória do esférico, que ainda foi embater no poste antes de sair pela linha final.
Aos 22 minutos, Kelyn Rowe cobrou um livre na esquerda e rapidamente entregou a Diego Fagundez, mas John McCarthy conseguiu desviar o remate pela linha final.
O golo surgiu finalmente aos 38 minutos, durante um período de insistência do Revolution. A bola foi desviada mas chegou até Kelyn Rowe, na esquerda, que cruzou largo, para a entrada da pequena área, onde surgiu Kei Kamara a antecipar-se ao guardião John McCarthy e a desviar com o pé direito.
Importante não sofrer golos
Um dos aspetos de maior destaque da primeira parte foi o facto de Philadelphia não ter criado uma única oportunidade clara. Esse desempenho tornou-se ainda mais impressionante se notarmos que nos três jogos anteriores em casa o Revolution sofrera oito golos. Mas, o que se passou dentro do campo não foi por acaso.
“Na semana passada quando aqui estive disse que precisávamos de fazer 90 minutos completos e isso começava por estarmos mais sólidos defensivamente e isso esteve em evidência esta noite,” explicou o técnico Jay Heaps após o final da partida.
E a segunda parte começou da mesma forma. Logo aos dois minutos, Gershon Koffie alongou para Kei Kamara, que arrancou decididamente em direção à área e depois lateralizou para Lee Nguyen. Este soltou de primeira para Diego Fagundez, que vinha em corrida, entrou na área e rematou forte, mas de ângulo já apertado, e permitiu a defesa de McCarthy.
E Fagundez esteve ainda mais perto do golo no minuto seguinte. Numa jogada bem trabalhada pela esquerda, a bola chegou até Bunbury, que simulou o remate e depois ofereceu a Fagundez. Mas, este hesitou, permitindo que Jack Elliott fizesse o corte quando a baliza estava escancarada e McCarthy estava fora da jogada.
Aos 61 minutos, o treinador visitante, decerto dessatisfeito com o rendimento ofensivo da equipa, fez duas substituições em simultâneo, fazendo entrar Ilsinho e Fafa Picault, dois jogadores que entre si totalizaram oito golos na temporada em curso, para os lugares de, respetivamente, Roland Alberg e Marcus Epps.
Jay Heaps respondeu oito minutos depois quando Juan Agudelo rendeu Teal Bunbury.
E o Union esteve muito perto do golo do empate aos 70 minutos. Na sequência de um pontapé de canto, Oguchi Onyewu elevou-se bem e cabeceou por cima do guardião Cody Cropper, mas Kei Kamara evitou o golo com um corte imperial de cabeça, mesmo junto à trave.
“Aquele desvio sobre a linha final foi uma jogada extremamente importante, um das jogadas cruciais do jogo,” disse Heaps.
Nesta altura da partida, pairava algum receio no Gillette Stadium porque o Union começava a ameaçar em lances de bola parada, o calcanhar de Aquiles do Revolution, e a equipa da casa tardava em converter as várias oportunidades que havia criado.
E o golo esteve mesmo à vista aos 81 minutos, quando o remate de Fafa Picault tabelou num defesa do Revolution e mudou de direção, mas, por instinto, o guardião Cody Cropper lançou-se ao solo e fez uma defesa espetacular, com o pé, para preservar a vantagem.
Ciente do risco que estava a correr, Jay Heaps virou-se novamente para o banco, desta feita retirando Diego Fagundez, que havia estado algo apagado em relação às excelentes exibições que havia vindo a realizar, e fez entrar Je-Vaughn Watson, aos 83 minutos. Foi o reforço do meio campo.
O golo da tranquilidade surgiu aos 85 minutos. Lee Nguyen descobriu Andrew Farrell no flanco direito. Este foi em direção à linha final e depois cruzou rasteiro para a saída da pequena área, onde surgiu Kei Kamara a rematar de primeira, rasteiro, levando a bola a entrar junto ao poste, fora do alcance de McCarthy.
E o ponto de exclamação na vitória apareceu aos 89 minutos. Lee Nugyen, na direita, flectiu para o centro do terreno, arrastando consigo dois defesas adversários e criando espaço onde surgiu Scott Caldwell. Este foi à linha e cruzou largo, aparecendo Juan Agudelo junto ao segundo poste a cabecear fora do alcance de McCarthy.
Foi a primeira vez na sua carreira que o jovem Scott Caldwell registou duas assistências no mesmo jogo.
Reunião para reforçar a união
Depois do apito final e antes de recolherem ao balneário, os jogadores do Revolution juntaram-se dentro do terreno, juntamente com a equipa técnica, para um breve diálogo.
“Quis juntar todos dentro do campo e passar um momento para lhes dizer que desde o final do jogo da semana passada, até ao cuidar dos seus corpos, o treino que fizemos na terça-feira, que na minha opinião foi um dos melhores que tivemos este ano, depois fomos melhorando durante a semana e tivemos a culminação dentro do campo [esta noite],” explicou Jay Heaps.
“Quis que eles compreendessem que o trabalho feito esta semana deu resultado e o facto de termos entrado em campo e termos feito o que precisávamos de fazer, era importante sentir isso novamente. Esperamos que tenha sido um momento marcante na nossa época.”
Balneário destaca importância da exibição defensiva
No diálogo com os jornalistas, jogadores e equipa técnica destacaram a forma como a equipa defendeu durante todo o jogo, considerando esse o aspeto mais relevante da noite.
“Hoje não sofremos nenhum golo, esse foi o foco principal que levámos para o jogo, estarmos todos concentrados no aspeto defensivo, precisávamos de defender pois Philadelphia tem marcado bastantes golos contra nós,” começou por dizer Kei Kamara, o herói da noite. “Por isso queríamos defender, não estávamos tão preocupados em atacar e marcar golos porque sabíamos que as oportunidades iam surgir. Hoje queríamos defender e fizemos isso.”
“Sabíamos que se defendêssemos bem, íamos conseguir criar oportunidades no ataque e foi isso que aconteceu,” acrescentou o treinador Jay Heaps. “A chave para mim esta noite foi o zero [em golos sofridos], pois não me pareceu que [Philadelphia] tenha tido grandes oportunidades claras, e isso foi a chave.”
E até mesmo Juan Agudelo, que festejou o regresso com mais um golo, alinhou pela mesma teoria, acrescentando que “eu quis ser o jogador que entrou em campo para dar o seu máximo defensivamente para conseguirmos os três pontos.”
Pontos fora precisam-se
Com mais uma vitória em casa, onde o Revolution conquistou 23 dos seus 26 pontos, a equipa ganhou novo ânimo. Mas, poder aspirar a um lugar nos playoffs será necessário pontuar fora de casa, onde o Revolution ainda não conseguiu ganhar. No sábado tem uma saída muito difícil até Chicago, para defrontar o atual segundo classificado da Conferência Leste.
“Temos que continuar. Temos capacidade para conseguir resultados como este,” disse Andrew Farrell. “Conseguimos não sofrer golos. Temos um adversário difícil para a semana, em Chicago, por isso temos que continuar com este impulso e esperamos conseguir a nossa primeira vitória fora de casa.”
“Agora temos alguns jogos fora de casa, todos conhecem o nosso palmarés fora de casa, espero que possamos mudar isso,” acrescentou Juan Agudelo.
“Só estive num treino esta semana, mas disseram-me que os nossos treinos foram extremamente disputados, todos trabalharam muito arduamente e esta semana [os treinos] foram muito sólidos. Por isso, esse talvez seja o segredo, treinar bem para a semana e esperamos tornar a conquistar três pontos.”
O primeiro reforço de Verão veio para a defesa
Com a equipa envolvida numa luta tremendamente difícil pelo acesso aos play-offs, a direção do Revolution indicou que vai tentar reforçar a equipa durante o período de inscrições. E cumpriu a promessa, pois o primeiro reforço já chegou, o central Claude Dielna, de 29 anos, jogador mais de 10 anos de experiência, na França, Inglaterra, Roménia e Eslováquia.
A opção por um defesa não é de estranhar porque o sector mais recuado tem sentido dificuldades nos jogos mais recentes e o Revolution tem das defesas mais batidas na sua conferência (34 golos em 21 jogos).
Durante a sua carreira, Dielna representou várias equipas conhecidas no futebol europeu. O seu primeiro contrato foi com os franceses do Lorient em 2007, e depois disso, entre outros, passou pelo Olympiacos na Grécia, Sheffield Wednesday FC (Inglaterra) e FC Dinamo Bucuresti (Roménia).
“Fomos claros sobre nosso desejo de adicionar jogadores ao plantel durante esta janela de transferências,” disse o diretor técnico Michael Burns. “Estamos satisfeitos, conseguimos reforçar a nossa linha defensiva e estamos ansiosos para integrar o Claude na equipa.”
“Estou muito satisfeito por ter assinado por este clube. Estou muito animado para começar a competição,” disse Claude Dielna. “Eu assisti a muitos jogos e falei com o pessoal. O clube parece ser uma família e isso é o que eu preciso. Vou tentar trazer a minha experiência internacional e a minha qualidade para ajudar a equipa.”